quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comédias da vida privada

Quando você se propoe a dividir sua vida com pessoas até então desconhecidas, ou mesmo conhecidas, mas que não faziam parte do seu cotidiano privado, já se sabe que pode se preparar para ter muita, muita paciência.

Todos nós temos nossos hábitos, manias, defeitos e qualidades que foram construídos minuciosamente (ou toscamente, seja lá como quiserem chamar) durante todos os anos de nossas vidas. E, de repente, não mais que de repente, aparecem outros sotaques, idiomas até, outras formas de vida, de visão, outras vozes, cheiros, tatos, sons e tudo mais que mexe bruscamente com seus sentidos, te obrigando a recuar um pouco, respirar muito e sentir-se amadurecendo a cada dia.

Ok! Tudo isso eu já vim para cá relativamente preparada, avisada e aconselhada. O que eu não esperava (ou ao menos não havia pensado antes) era que dividir a vida com alguém até então diferente pode se tornar uma aventura um tanto quanto divertida.

Alguns momentos que eu e Mari passamos aqui, como diz nosso amigo carioca de Barcelona, já valeram o ingresso.

Como não falar da Mari sendo perseguida pelo carrinho que limpa o chão da O'Connell Street? Estamos as 2, ensopadas por esta chuva que parece vinda mais de baixo que de cima, voltando pra casa com nossos guarda-chuvas impermeáveis, eu com a minha super capa de chuva vermelha, após batermos com a cara na porta da Garda para tirarmos nosso GNIB, às 20h. Vem em nossa direção um carrinho muito simpático que limpa a calçada da cidade. Ele tem o tamanho de um carro normal, mas embaixo tem 2 espécies de escovas giratórias. A Mari que, para quem não sabe, está com uma mania louca de falar "Jisus" (com entonação beeeeeeeem forte na letra i, e, é claro, com a voz fininha que só ela tem), começa a andar pra trás quando percebe que o carrinho está na direção dela. Mas, por algum motivo que só o destino explica, ela anda exatamente na mesma direção do veículo, e aí dá-se início uma perseguição carrinho de limpeza-Mari (de costas, pulando as poças, gritando "Jisus, Jisus, Jisus"). IMPAGÁVEL!

Impossível esquecer do primeiro pudim dela. Ao que nos parece, os franceses tem uma mania engraçada de sempre cheirarem a comida antes de comê-la. Até aí tudo ok. Mas a Mari resolveu, certo dia, nas nossas experiências gastronômicas, fazer um pudim de leite condensado. Fez, bateu tudo, colocou no forno, tirou e levou para a varanda pra esfriar (sim, vc não leu errado. Eu não escrevi geladeira. Foi na varanda). Quando ela trouxe de volta, o pudim estava super bonitinho, com um pequeno detalhe: um cheiro de ovo desnecessário. Como aqui em casa temos a regra de "Não comer nunca é um opção", servimos nossos pudins, nos munimos de nossos garfinhos e mão à obra. O Paul, como todo bom francês, pegou a primeira garfada e levou em direção ao nariz. Pensem em 4 pessoas gritando "NÃO!!!!! Don't smell it!!!!" O menino quase engoliu o garfo de tanto susto, e até hoje nós não sabemos se ele comeu o pudim todo porque gostou ou porque ficou com medo da gente.

Desde ontem tem feito um friozinho desonesto por aqui. Hoje, mesmo com tempo frio, foi dia de compras. Eu e Mari saímos na hora do almoço, descemos as escadas, abrimos a portaria e estamos saindo quando ela olha um picolé que estava no chão, perto de onde passamos e começa a rir. Eu, sem entender nada, pergunto o que se passa, e eis que ela me explica que aquele picolé estava lá, no mesmo lugar, do mesmo tamanho, desde ontem, sem derreter nem um pedacinho. Alguém ainda duvida que o frio aqui é real?

Aliás, por que não rir, também, do que pode ser considerado ruim? Como, por exemplo, eu e Mari entrando no hostel (aonde, teoricamente, teríamos o café da manhã incluído no preço) de Paris, indo em direção à luggage room e, ao passar pela cozinha, vermos um pombo dentro da caixa de pão (e ouvir a Mari falando "Que bonito! Um pombo na caixa do pão que a gente vai comer no café da manhã" Claaaaaro q não comemos pão). No mesmo hostel, a noite, sermos acordadas pelo staff nada gentil gritando, à 1h30 da manhã, que uma menina do nosso quarto estava na cama errada, e que ela tinha que mudar, e que se ela não mudasse teria que ir embora, e mesmo com ela perguntando qual era sua cama, a única coisa que o desgramado do cara sabia falar eram estas 3 frases, sem parar. E aí, na nossa última noite de Paris, mudamos de local e fomos para um hotel, com um quarto só nosso. E eis que alguém entra no nosso quarto por engano, e a Mari levanta da cama em um pulo só, já pensando que era o cara gritando que ela estava na cama errada.

Virar dona de casa é outra comédia à parte. Certo dia viro pra Mari e falo: "Olha só o aplicativo que baixei para o meu Ipod". Ela fica curiosa, querendo saber qual jogo ou dicionário de tradução mega tecnológico em adquiri agora, e eis que eu apareço com um programa que auxilia na hora de fazer as compras de supermercado. Ela olha para mim com a cara mais decepcionada do mundo e vira de costas. Assim como morre de rir quando ela passa pelas vitrines de bichinhos querendo comprar todos, e eu faço o mesmo, mas nas bancas de tomates, couves-flor, brócolis...

Enfim... Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. E sabe também a dor e a delícia de viver o que se vive. Aqui, ao que parece, as delícias são maiores que as dores. Boas novidades? Arrumei um emprego. Como diz meu pai, emprego de mascate. Vou vender maquiagem nas casas. Um glamour só kkkkkkkkkk! Agora sim, Amanda, meu inglês vai ficar o puro sotaque dublinense... =D

Hoje eu, Mari, Sussu e Paula (uma amiga dele que está morando em Madrid) vamos ao pub do PS: eu Te amo! Posto fotos aqui no próximo post.

Falando em fotos, finalmente as fotos de Liverpool e Paris estão nos links. Pra família da Mari que está sentindo falta das fotos dela, vamos todos fazer uma campanha nos comentários: "Mariana, larga de preguiça e arruma logo suas fotos". Me ajudem, gente! Ela não me ouve =)

Hoje começo uma lista de músicas que fazem parte da nossa viagem. A primeira, como não poderia deixar de ser, é quase um hino irlandês. Eu, particularmente, amo: The little lion man, dos Mumford and sons. Baixem aí e digam o que acham!

Vamos aos comentários...

Maynha, por que raios vc não entra no skype? E ainda me deixa curiosa, sua feiosa xetelbenta!!!!

Carol, vc nem comenta mais, só me cobra as fotos kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Mamusca, amo seus comentários! Sempre tão carinhosos, tão... mãe! Quase te sinto aqui comigo! Saudades!

Michaaaaaaaaaaaaaa, q delícia ter comentário seu! Quase chorei de rir com seu coment sobre o meu museu favorito... kkkkkkkkkkkkkkkk Como está tudo? E a viagem pros Istaites? Como foi?

Flá, seja bem vinda!!!! Vamos nos encontrarpor aqui! Vi no seu blog q vc estava em Paris pouquinho antes de mim! Um sonho, né?!

Tia Marisa, fala pra Mari que ela não pode comprar mais bichinhos de pelúcia. Ela quer comprar todos! Daqui a pouco ela dorme no chão pra dar lugar a eles... kkkkkkkkkkkkkkkkk

Papito, te amo!

Beijocas a todos

4 comentários:

  1. Mas parece mto divertido tudo isso. Nao sei como vc consegue entender esse povo que fala estranho. As historias estao sensacionais. Vou entrar mais.
    Bjo, guria.

    Fernando

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  2. Eiiiii, que vida boa em??? As descobertas são excelentes... Aproveitem demais, são únicas!
    Beijocas
    Alyne

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  3. Fotos lindas, Amandinha!
    E parabéns por ter conseguido o emprego! O ingles agora vai ficar perfeito! ;D
    Continue aproveitando muito aí!
    beijo

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  4. Fambroesas nas fotos?!?!
    Essas feirinhas são ótemassss!

    Bjos e saudades!

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