sexta-feira, 17 de junho de 2011

Em clima de despedida...

Cada dia que passa acredito mais que bobos são aqueles que não destinam 30 minutinhos dos seus dias para escrever um diário. O ser humano é tão complexo cientificamente, psicologicamente e em todos os -mentes possíveis, que não consigo acreditar que possa existir ao menos um indivíduo cuja vida não gere um diário digno de virar um best-seller mundial.

Mais do que isso, seguimos sempre a máxima de que "a grama do vizinho é mais verde", então sempre esse ano está fazendo mais calor que ano passado, está chovendo mais que ano passado, estou trabalhando mais que nunca, este término foi o pior de todos, os jovens estão mais perdidos que antes... Será que a existência de um diário não seria a prova cabal que essas comparações absurdas são apenas fruto do nosso imaginário, tentando fazer nos sentir mais miseráveis e com mais motivos para reclamar, ao invés de simplesmente vivermos o que nos aparece e tirar o máximo proveito disso?

Eu, particularmente, sempre quis dar início a esse projeto. Assumo que o único motivo que me manteve afastada de sua realização foi a preguiça. Preguiça de sentar para escrever, preguiça de relembrar os fatos, preguiça de reler isso anos depois. Este blog que aqui está foi mais uma tentativa de colocar essa idéia em prática. Claro que, pelo fato de a internet ser um domínio público, muitos dos meus sentimentos e muitas das minhas vivências precisaram ser suprimidos em mensagens subliminares para mim mesma, escondidas em palavras ou fotos que, tenho certeza, mesmo após muitos anos, ainda estarão vivas na minha memória.

Admito que fui muitas vezes relapsa com minha idéia, principalmente no último mês. Mas qual a função de fazer algo para você mesmo, se os seus sentimentos e vontades (ou falta delas) não forem respeitados, não é mesmo?

Fiz o blog, sim, para manter mais estreitos os laços com quem ficou, mas, principalmente, o fiz para nunca esquecer dos 10 meses mais diferentes que eu já vivi. Não direi que foram os mais intensos, os melhores, os que mais cresci. Mesmo que eu concorde com algumas dessas afirmações. Como já disse, estou lutando contra a máxima da "grama do vizinho".

Hoje admito que sinto imensa falta de um diário completo dos dias pré-viagem, ainda no Brasil. Sinto falta de ler minhas palavras expressando o que se passou pela minha cabeça. Sei que alguns posts aqui foram feitos nesse período, mas acho que fui, em certa parte, displicente em relação ao quanto esse recordatório poderia me ajudar agora.

A sensação de estar voltando é a mais esquisita possível! Ao mesmo tempo que não vejo a hora de ir embora, tenho olhos de saudades quando olho para as pessoas queridas que conheci, quando lembro dos momentos inesquecíveis que vivi, quando passo pela cidade que tão bem me acolheu nos últimos 10 meses.

Dublin foi meu lar, minha cidade, meu refúgio. Sempre que viajava, voltava me sentindo bem por estar em casa de novo, porque é assim que me senti aqui: Lar, doce lar.

Essa viagem trouxe para a minha vida franceses, belgas, suíços, eslovacos, irlandeses, poloneses, espanhóis, italianos, húngaros... Mas trouxe também paulistas, cariocas, mineiros, potiguar, gaúchos, recifenses e tantas outras pessoas de estados diferentes que me deram a certeza de que eu amo o povo brasileiro e o Brasil mais que tudo!

Eu aprendi a respeitar e lidar um pouco melhor com as diferenças. Mas, acima de tudo, tenho aprendido (é um looooooongo processo, acreditem) a respeitar as MINHAS diferenças, as MINHAS limitações. Tenho entendido quão pequena mas quão grande eu sou. Tenho entendido porque meus pais sempre me ensinaram a não mentir, a não passar por cima dos outros, a não querer o mal de ninguém. Mais uma vez, esse é um processo longo, mas acho que estou no caminho certo.

Falando em caminho, tenho aprendido que sempre é tempo de recomeçar, de voltar e seguir um novo trajeto. Que desistir às vezes não é sinal de fraqueza. Pelo contrário, pode ser a atitude mais difícil e corajosa que alguém tem que tomar.

Essa viagem me ensinou que posso sobreviver sem meus amigos e minha família. Mas que essa é a última coisa que quero para a minha vida. Que pobres os que não podem contar e confiar nas pessoas. Que eu confio em todo mundo e isso já me machucou muito, e tem potencial pra machucar muito mais, mas eu ainda prefiro acreditar na bondade das pessoas a achar que não vale mais a pena lutar.

Hoje posso falar que dou muito mais valor à minha família. Que eles são a minha vida! E que posso me considerar um pessoa muito feliz por saber que, além deles, tenho AMIGOS de verdade, que nunca me abandonaram. E que nunca o farão. Entendi também que esses são em número bem menor do que eu imaginava, mas que isso não é ruim. Todo mundo precisa de família, amigos e conhecidos. Cada um tem seu papel na nossa vida. E cada papel tem sua importância.

Quero muito chegar em Brasília e abraçar meus pais, sentir o cheirinho do meu sobrinho, rever minha irmã, conversar até de madrugada com meus amigos. Mas queria muito pular os dias até lá, principalmente a quarta-feira. Nunca odiei despedidas. Hoje entendo que nunca soube o que é uma despedida. Tenho passado por mais coisas neste último mês que passei em muito tempo aqui. Espero que um dia eu entenda o sentido de tudo. Mas, querem saber? Se tem algo que eu aprendi, foi que, cedo ou tarde, a gente sempre entende...

8 comentários:

  1. Amandinha do meu core, vc, definitivamente, deveria escrever um livro. Saudades.... Beijos....

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  2. Lindo post Bunitinha! Vc realmente eh uma pessoa iluminada. Bom demais ter conhecido voce e espero que eu possa te visitar la naquela terra que nao tem esquina o quanto antes! hehehe bjos do CARIOCAAAA =D

    Ps: nao sabia q vc escrevia tao bem! parabens!

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  3. Filha querida, concordo muito com seu amigo Thiago, e engraçado, estive pensando muito nisto este final de semana. De como mesmo vc poderia pensar nisto. É incrível a facilidade que vc tem de escrever, a facilidade de colocar no papel sentimentos, idéias, reflexões. Às vezes penso que é pq sou sua mãe que acho isto, mas depois lembro de todos os comentários, e de como as pessoas gostam do que vc escreve. Enfim, quero mesmo é continuar pensando e aguardando muito sua volta e sua chegada. E agora está muito real e é muito, muito bom. Estive muito feliz enquanto vc esteve fora, pq compreendia o quanto isto foi uma escolha sua e o quanto vc precisava disto para sua vida. Mas hoje estou muito mais feliz em saber vc de volta, junto conosco, e principalmente, querendo voltar. Te amo muito e tudo o que mais quero é que vc busque sempre a sua felicidade, não desista nunca e esteja sempre muito bem. Um beijo com amor e saudades e até quinta. Mamy

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  4. Filhusca, li um pensamento agora do Charles Chaplin e lembrei muito de vc. Diz assim:
    "A vida é como uma peça de teatro, não permite ensaios. Por isto, cante, chore, ria e viva intensamente antes que a curtina feche e a peça termine sem aplausos. E acho que vc tem feito isto em sua vida, e isto é muito bom. Bjs. Maamy

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  5. Amandinha, so tenho a agradecer tudo o que vc escreveu, me ajudou muito a driblar a saudade imensa que senti da Mari. Parabéns e obrigada por compartilhar conosco momentos maravilhosos de sua viagem conosco. Um beijo grande e ate quinta.

    Marisa

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  6. Volta logo! Volta logo! Volta logo!
    Papai tá até doente de ansiedade...

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  7. Cruzes, não é "curtina", mas CORTINA!!! Culpa do teclado, mas tudo bem. Bjim.

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  8. Oi Amandinha, li suas considerações, fiquei com um nó na garganta, ainda está aqui querendo virar lágrimas.Te vi uma única vez, mas vc cativou meu coração, pena que não tivemos tempo para uma conversa longa. O carinho que vc dedicou ao meus filhos foi a maior prova de amizade que vc me deu. Saiba que qdo vc ler esse comentário vc ja estará aqui no Brasil, e pode ter certeza estarei rezando e torcendo por vc, seja muito feliz, e quem sabe um dia encontraremos novamente, afinal não é tão impossível,pois vcs tem parentes aqui e por sinal mora bem perto de mim.
    Fique com Deus, que ele ilumine sua nova caminhada aqui no Brasil. Te admiro muiiiiiiiiiiiiiiito viu? Beijos, sucessos......

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