'Cause I'm a gypsy are you coming with me?
I might steal your clothes and wear them if they fit me
Never made agreements, just like a gypsy
And I won't back down cause life's already bit me
And I won't cry I'm too young to die if you're gonna quit me
'Cause I'm gypsy
I can't hide what I've done
Scars remind me of just how far that I've come"
I might steal your clothes and wear them if they fit me
Never made agreements, just like a gypsy
And I won't back down cause life's already bit me
And I won't cry I'm too young to die if you're gonna quit me
'Cause I'm gypsy
I can't hide what I've done
Scars remind me of just how far that I've come"
(Atenção, a autora deste blog adverte: se você não se identifica com devaneios e reflexões da mente humana, pule este post. Quem saber você não prefira ler os outros, ver as fotos, comentar alguma coisa...)
Ei, psiu... você!
É! Você mesmo!
Você, por um acaso, já teve algum momento na sua vida, um instante que seja, em que, do nada, out of the blue, como num estalo, tudo fez um sentido imenso, mesmo que você nem estivesse procurando entendê-lo, pelo menos não naquele momento?
Não entendeu minha pergunta? Explico: De vez em quando (MUITO de vez em quando), em uma situação em que vc está no ônibus, caminhando, tomando banho ou realizando qualquer atividade rotineira, acontece de, de repente, você se dar conta de que tudo, todos os acontecimentos, fatos, pessoas e histórias da sua vida, tudo te levou exatamente àquele presente momento, tudo serviu para que agora você estivesse vivendo exatamente esta situação, esta aventura, esta VIDA.
Esta semana, isso aconteceu comigo. Sentada no 2º andar do meu ônibus de casa para o centro, como de praxe no banco mais da frente, para que eu pudesse ver as belezas de um dia ensolarado, como que em uma fração de segundos, minha vida passou inteira na minha cabeça (sempre ouvi falar que isso acontece segundos antes de alguém morrer. Pois o fato é que pode acontecer também em vida). Lembrei de minhas amigas saindo de intercâmbio no 2º Grau; lembrei dos meus primos, da família reunida para esperá-los no aeroporto, no dia da volta; das minhas conversas com a Ana Lúcia; do dia que contei à minha mãe, e do dia que contei ao meu pai; lembrei dos planos com a Mari, das conversas com todos, que achavam que eu estava ficando louca de largar tudo e vir lavar pratos no exterior... Enfim, passaram cenas que começaram há muitos anos atrás e terminaram lá, bem no banco da frente do 2º andar de um ônibus, NA IRLANDA!
Tenho pensado muito em quando eu voltar ao Brasil. Não é fácil, acreditem. Assim como não é fácil chegar aqui e ficar sem família, amigos, pão de queijo, carne boa, arroz e feijão, mordomia de casa dos pais, língua nativa, cultura, frutas e verduras variadas... Também não é fácil pensar em voltar ao calor infernal (não, não quero outro inverno negativo. Mas me contentaria FÁCIL com 20, 25ºC), à dificuldade de transporte público, à distância para fazer qualquer coisa, à dependência de carro, à falta de educação do brasileiro (especialmente no trânsito), à fucking mania de dar um jeitinho para tudo (gente, ou é ou não é! E isso funciona!), ao fato de que nem sempre você vai ser dar bem por seguir as regras, à falta de possibilidade de sobreviver com um salário mínimo, à ambição por sempre mais e mais dinheiro, à falta do que fazer nas sextas e sábados a noite, ao preço exorbitante dos ingressos dos shows, à falta de Ryan Air, à mistura louca de idiomas, culturas, rostos e nacionalidades, a não falar mais inglês todos os dias, a voltar para casa a pé às 3, 4, 5h da manhã e SEMPRE ter gente na rua, sem nenhum perigo... Enfim, o nosso país é realmente lindo, uma terra de palmeiras onde canta o sabiá, mas em termos de comparação, ainda temos muito o que aprender com o Velho Mundo.
Faço parte de um grupo de discussão do site E-Dublin, e tem surgido alguns tópicos com o assunto do baque da volta. Um deles tem me chamado muito a atenção, e peço licença para colar partes de depoimentos de algumas pessoas:
"A gente tava falando que para quem viaja (seja daqui praí, ou vice-versa) é muito mais fácil do que pra quem fica. Eu até concordava, mas nessa 1 semana e meia aqui (no Brasil) eu estou repensando isso. Tem, sim, a alegria de chegar (como disse meu avô, "mais belo do que partir, é o dia de regressar..."), rever todo mundo, matar as saudades da família, dos amigos, do gato, do cachorro, das comidas, do açaí, da praia, do sol e do calor, do pão-de-queijo com requeijão. Mas os primeiros dias, ao mesmo tempo que são atribulados, são longos, solitários, e tristes. (...) a cada dia vc faz mais um pouquinho, toma uma providência - ou não, mas até retomar uma rotina pra ocupar o seu dia demora um tempo. E aí é que eu acho que existe o perigo de vc gastar muito do seu tempo pensando na vida que vc tinha antes, procurando as pessoas que vc deixou em Dublin na internet pra conversar, alimentando a saudade e a falta que vc sente de tudo e todos. Isso torna a adaptação mais difícil, na minha opinião. É o mesmo que acontece quando vc acabou de chegar do Brasil, nos primeiros dias - ou semanas - no novo país. (...) E nesse sentido eu acho que pode ser mais fácil pra quem fica, porque é só seguir a vida, vcs já têm o que e como ocupar seu dia, já têm a rotina estabelecida. Pra quem parte é tudo novo (mesmo se estiver voltando pro Brasil, não deixa de ser novidade), e existe o desafio de ocupar os dias, a cabeça, começar uma vida nova. Ao mesmo tempo que isso é empolgante e animador, é assustador ter que recomeçar. Recriar paradigmas, referências, buscar atividades, retomar contatos, é um processo intenso. E demorado, na minha opinião. E difícil, mas compensador. E triste e alegre, tudo ao mesmo tempo. É interessante, engraçado até, ver como as coisas vão voltando à sua lembrança, como se vc não tivesse passado tanto tempo fora" (Clarissa Araújo)
"A frase do Harry Potter me comoveu. " vc tem que decidir entre o que eh certo e o que eh facil" mas e se a escolha eh entre dois certos?
(...) parte de mim sente a falta da familia que esta no Brasil, a inseguranca de que para conquistar uma melhor posição aqui tenho que comecar tudo de novo, a sensacao de que talvez esteja velha demais para isso. O medo de estar me precipitando. Ja foram tantos amigos partindo, tantas lagrimas caindo. Lembrancas e esperancas que ficam vagando pela cabeca.
Quando deixei o Brasil em junho de 2009 eu sabia que algumas coisas iriam mudar em minha vida, mas nao fazia ideia que a minha vida inteira iria mudar aqui" (Karen D)
Enfim, como não ter medo (novamente) do novo? Ou, neste caso, do velho? Como não pensar nisso, logo agora, que finalmente me sinto em casa, acolhida pelas pessoas e por este país tão lindo que eu escolhi para morar?
Nunca foi tão certo na minha cabeça o fato de que vou voltar. Junho estarei aí, chorando, abraçando, gargalhando, dançando MUITO forró. Mas também nunca tive tanto medo da mudança. Nem mesmo quando vim para cá.
A Irlanda, na minha opinião, junto com a Espanha, é o que há de mais próximo do Brasil aqui na Europa. As pessoas são calorosas, receptivas, amigas. Não, eles não se abraçam tanto como nós, não choram, não são tão intensos. Mas eles demonstram sentimentos, se apegam tão (ou mais) fácil como nós. Eles AMAM se divertir, festa, reunião de amigos ou qualquer desculpa para comemorar. Eles têm pessoas sem coração como os knackers, mas também são capazes de atrasar a entrada no trabalho ou perder um trem para te guiar ao seu caminho, para te fazer entender o sotaque engraçados que eles têm ou simplesmente para fazer um novo amigo e te levar ao pub no final do dia.
E aí eu te pergunto: será que nós somos mesmo o melhor país do mundo? Será que todo esse nacionalismo que nos faz persistir e ter esperança de que um dia vai melhorar (afinal somos um país tão cheio de belezas naturais e com tantas pessoas batalhadoras), algum dia nos levará ao Brasil que tanto almejamos?
Fazer um intercâmbio é uma abertura de consciência como nenhuma outra experiência propociará. Serve, entre tantas outras coisas, para perceber que não existe lugar perfeito. Que na Europa também tem pobreza (não falei miséria, reparem), mal humor, grosseria, preconceito. Que o inverno rigoroso daqui faz qualquer um querer mudar imediatamente, faz as pessoas ficarem mais mesquinhas, menos solícitas e mais bêbadas. Serve para entender que países não acostumados à crise e à falta de dinheiro enlouquecem e perdem as esperanças muito mais rapidamente que nós. Mas também serve para abrirmos os olhos para tantas coisas erradas em nosso próprio país, e para repensarmos muita coisa em relação às nossas expectativas e nossas crenças.
Como já disse, esse não é um discurso de "resolvi ficar porque aqui é melhor". "Cada escolha, uma renúncia", como eu e Mari repetimos tantas vezes uma à outra nesses 6 meses aqui. E sei que renunciarei a muita coisa boa, muitos amigos queridos e muita qualidade de vida a partir do momento que entrar no avião de volta. Mas a renúncia a essas coisas é muito pequena em relação à renúncia aos meus grandes amigos e minha família. Esta impossibilita, pelo menos por enquanto, minha estada aqui por mais tempo.
Este discurso vem de alguém que sente que, desde que abraçou seus amigos e família há exatos 6 meses atrás e embarcou em um sonho inesquecível, cresceu muito e mudou muito sua cabeça. E hoje sabe que, quando voltar, terá pensamentos menos utópicos e mais realistas em relação ao seu país e sua nação. Alguém que finalmente entende o termo "cidadã do mundo", e se sente como tal. Alguém que sente cada vez mais saudades dos seus amados, mas, definitivamente, menos saudades de sua cidade e seu país. Triste? Não! Não me interpretem mal. É quase libertador!
Enfim, em meio a mais e mais devaneios, me permiti burlar as regras e deixar a 3ª parte da Suíça para o próximo post. Hoje comemoramos 6 meses de viagem! Posso dizer que foram os 6 meses mais encantadores, felizes e renovadores que eu me lembro de ter vivido! Pronta para a batalha, é assim que me sinto!
Beijos a todos de uma pessoa muito feliz! E FELIZ 6 MESES!!!!
* * *
Amanda, preciso falar que choro de rir com os seus comentários? SÉRIO! Vc faz minha vida ainda mais alegre! kkkkkkkkkkkkkkkkkk Te respondi por e-mail, vc viu?! E nem faz greve agora, viu?! Pode responder... hehehehehe Saudades...
Mamusca, estamos quase juntas de novo! Nem acredito! As saudades realmente parecem aumentar nesta reta final!!!! Só quero que seja tudo perfeito! Preparem as roupas de frio, mas tragam levinha tb. Ao que parece, março é exatamente a mudança do frio para o mais quantinho por aqui, então é possíve que peguemos mudanças boas de temperatura! Vamos só torcer contra a chuva, o resto é lucro! =D Te amo! Foi ótimo falar com vc no tel hoje! SE CUIDA, hum!
Cida, é como se fosse um sonho mesmo! Você vai ver quando chegar aqui! Aliás, você vai AMAR Paris! Tenho certeza de que vai ser uma viagem perfeita!
Patcheeeeeeeeeenhu, para sua informação, eu capotei mesmo, tá?! kkkkkkkkkkkkk Mas só uma vez, nada que não tenha rendido boas gargalhadas!!!! =P Saudades de vc, coisa feia!
Florian, how are you, you mad, crazy, loola boy? How is your head? A bit more crazy than the normal, I bet! =P I really looooooove reading your coments! You have to do it more! It's so sad that you and Jenny won't be able to come to Patrick's day. I wonder if we'll see each other before I go back to Brazil... About the Romanche language, I completely forgot, but I'll talk about it in my next post, is that ok, teacher? hehehehe Miss ya!
Bibiiiiiiiiiiii, estou acompanhando sua aventura pelo blog! Ainda não respondi porque quero te mandar um e-mail! Para qual endereço eu mando? Curta MUITO aí! É uma experiência única e inesquecível!
Daniiiiiiiiiii, que saudaaaaaaaaaades!!!! Vai preparando a sapatilha, pq qd eu e Mari chegarmos, a gente vai querer ir a uns 20 forrós para matar as saudades! E vamos levar o Will junto! hehehehe
Lia e Mari, quando nos encontraremos no Skype????? TÁ CHEGANDOOOOOO!
Flor, quão bom é conseguir falar com vc, hein?! Saudades monstras, giga-absurdas!!!! Nosso papo deu uma aquecidinha no meu coração, serviu para bater uma vontadezinha um pouco maior de voltar! Chácara no Carnaval? Quero fotos e relatos! =D E convida o Dandan! kkkkkkkkkkkkk Ele me mandou e-mail, todo querido!!!! Falou que seu pai está devendo um leitão para ele! Aliás, seu pai está devendo esse leitão para muita gente, inclusive para mim... hunft! Esses tios Dimas...
Guigooooooooo, parabéns de novo!!!! =D